Lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e seus sindicatos filiados em 2006, o projeto Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento nasceu como uma contribuição da categoria a um plano nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social, fruto de debates realizados com milhares de profissionais em todo o País.
Com um crescimento econômico pífio desde os anos 80, o País enfrentava uma realidade nada animadora. A infraestrutura nacional era precária e não havia planejamento para o futuro, o que comprometia a existência de projetos e o investimento produtivo. Com isso, faltavam postos de trabalho e oportunidades, sobretudo para os jovens que saíam das escolas, inclusive e principalmente as de engenharia.
O projeto dos engenheiros foi apresentado a diversas autoridades e com elas debatido. Ainda em 2006, foi entregue a todos os candidatos a presidente e, após a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, a vários de seus ministros. Um reflexo positivo desse esforço foi a presença de inúmeras propostas do Cresce Brasil no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado posteriormente pelo Governo Federal. Após uma análise comparativa entre os dois documentos, publicada no documento O Cresce Brasil e o PAC, a FNE apontou os aprimoramentos que julgava necessários no plano oficial, como ações na área de ciência e tecnologia e a construção de Angra III, ambas sugestões aceitas.
Levando em conta a retomada efetiva da expansão econômica brasileira verificada a partir de 2007, depois abalada pela crise financeira internacional, e novos elementos do cenário econômico nacional, como as reservas de petróleo da camada do pré-sal, em 2009 o projeto foi atualizado e ampliado, lançado sob o título O Cresce Brasil e a Superação da Crise. O novo documento foi debatido e aprovado no VII Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), realizado em São Paulo, de 23 a 26 de setembro. Assim, o movimento Cresce Brasil manteve o propósito de buscar crescimento com democracia, distribuição de renda, respeito à natureza e reorganização urbana.
Em 2016, ano de eleições municipais, o projeto Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento voltou-se à discussão sobre a qualidade de vida nas cidades e o desenvolvimento local. O objetivo era fazer um diagnóstico dos problemas comuns às médias e grandes cidades brasileiras pertinentes à engenharia e propor soluções factíveis. O documento, lançado em 29 de junho daquele ano, no Rio de Janeiro, foi produzido com a colaboração de especialistas e de profissionais de todo o País que participaram das discussões promovidas pela FNE. As propostas foram apresentadas aos candidatos a prefeito e à sociedade.
Retomada da engenharia nacional
Em meio à grave crise econômica que registrou desemprego de 13,1% no primeiro trimestre de 2018, o “Cresce Brasil” voltou-se à tarefa de indicar rumos a seguir para superar esse quadro de dificuldades.
Na edição cujo tema é a “Retomada da engenharia nacional”, aponta a necessidade de mudar a política econômica e brecar o desmonte da capacidade tecnológica nacional para que seja possível haver recuperação e volta do crescimento, geração de emprego e distribuição de renda.
Engenharia de Manutenção
A edição do Cresce Brasil intitulada "Engenharia de Manutenção", lançada em 17 de junho de 2019, foi elaborada a partir da realização pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) do seminário “Pontes, viadutos, barragens e a conservação das cidades – Engenharia de manutenção para garantir segurança e qualidade de vida”.
A publicação, com a participação de especialistas, aponta as necessidades específicas nesses segmentos, mas principalmente como enfrentar a questão essencial do descaso com a inspeção e conservação das estruturas existentes no País. Para mudar esse quadro, a proposta é que as administrações nos níveis municipal, estadual e federal instituam um órgão com dotação orçamentária e corpo técnico qualificado para ser responsável por inspeção e conservação regulares.
Recuperação pós-pandemia
Em momento de emergência sanitária e grave crise econômica, o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” aponta o que pode ser feito efetivamente para a recuperação após a turbulência causada pela pandemia do novo coronavírus, que veio agravar uma situação já preocupante, com encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB), piora das condições de vida da população e alto desemprego.
Nesta edição, lançada em 21 de outubro de 2020, a iniciativa trabalha com uma proposta concreta: um programa consistente de retomada de obras públicas paralisadas em todo o Brasil. A públicação, nesta edição exclusivamente digital, traz o debate sobre o porquê de se dar seguimento aos empreendimentos interrompidos, o que demanda, antes de tudo, um levantamento preciso e correto com identificação de prioridades. Também traz artigos sobre três áreas fundamentais fortemente afetadas pela paralisação de obras: saneamento, habitação e logística.
Hora de avançar
Nesta edição, lançada no início de 2023, os temas abordados apontam para duas direções essenciais que precisam ser seguidas conjuntamente. A primeira é melhorar imediatamente as condições de vida da população brasileira, em grande parcela vivendo em condições precárias. Assim, estão na pauta o desenvolvimento urbano, a habitação, o transporte e a engenharia pública que precisa estar presente nas cidades e estados brasileiros, notadamente a Engenharia de Manutenção, como forma de prevenir acidentes e evitar prejuízos, promover a segurança das pessoas e o melhor uso dos recursos públicos.
A segunda, que tem como objetivo último promover os meios para que haja justiça social e bem-estar, está focada nas áreas consideradas estratégicas para que o Brasil dê um salto efetivo de desenvolvimento: investimentos em pesquisa e desenvolvimento, reindustrialização do País levando em conta suas vantagens estratégicas e a dinâmica da economia global.
Cidades inteligentes
Para sua edição 2024, o projeto Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento, coloca em pauta os avanços necessários para que seja possível aos habitantes das cidades brasileiras terem qualidade de vida. O debate parte da premissa segundo a qual cidade inteligente é aquela que funciona de forma adequada, assegurando bem-estar à sua população, e não só a que lança mão de recursos de tecnologia da informação em sua gestão, embora esses sejam essenciais.
Trata-se, portanto, de ter municípios em que estejam contempladas as questões básicas da vida urbana, como habitação, saneamento, transporte, saúde, educação e segurança, além de cultura e lazer. Como contribuição a esse debate, que deverá ter protagonismo neste ano de eleições municipais, o “Cresce Brasil 2024” aborda temas essenciais da engenharia para a melhoria da infraestrutura urbana.
Lançado em 15 de julho, o documento será entregue aos candidatos às prefeituras e câmaras municipais de todo o Brasil como proposta aos seus planos de trabalho.

